quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Vitoria-ES ao Rio de Janeiro Dezembro 2016

Programei a oitava viagem desde 2012 para a rota litorânea saindo de Vitoria ao Rio de Janeiro.
Um percurso de aproximadamente 600 km que deve comecar em 04/12.
O roteiro deve seguir a viagem do link abaixo.

http://ateondedeuprairdebicicleta.com.br/minha-primeira-cicloviagem-vila-velha-es-rio-de-janeiro-rj/

Um amigo aderiu à ideia e deve estar se preparando. Sera minha primeira viagem acompanhado e espero que a sorte nos acompanhe. O planejamento praticamente inexiste.
O objetivo é seguir pedalando com tranquilidade porque o tempo disponivel é bem dilatado e o roteiro fica para ser definido no caminho.
O relato foi elaborado por Gustavo - em sua primeira cicloviagem.





1° dia: Vitória a Marataízes/ES
- tempo: 10 h de viagem, sendo 7h20 de pedal
- distância percorrida: 121 km
- velocidade média: 16,5 km/h
Às 6h15 pegamos o Bike Bus em Vitória para atravessarmos a 3a. ponte até Vila Velha (não é possível atravessá-la pedalando). Às 6h30 começamos nosso pedal, fazendo toda a orla de Vila Velha a partir da Praia da Costa até ala ácaros a Rodovia do Sol em direção à Guarapari.
Clima ótimo para o pedal... nublado.

2° dia: Marataízes/ES a São João da Barra/RJ
- tempo: 9h45 de viagem, sendo 5h25 de pedal
- distância percorrida: 83 km
- velocidade média: 15,3 km/h
Saímos perto das 8h. Muita chuva durante a noite, aliada à orla destruída de Marataízes, por inúmeras ressacas, impediram nosso plano de seguirmos pelo litoral, por estradas de terra muito lamacentas.
Dia começou com garoa. Ainda no litoral do ES passamos por algumas subidas e descidas, com um visual fantástico entre falésias e plantações de abacaxi. A partir da divisa com o RJ, a chuva apertou e se prolongou por boa parte do trecho. Um vento sul moderado, contrário à gente, também ajudou a minar nossa resistência. Paciência... ritmo foi mais lento, fizemos mais paradas para descansar, hidratar e alongar... Mas seguimos firmes no plano para o dia.
Essa região entre o sul do ES e norte do RJ tem trechos despovoados, vimos muitas propriedades  abandonadas. Curioso ver propriedades rurais junto ao mar. Pobreza contrastando com algumas grandes fazendas.





3° dia, 06/12, 3a. feira: São João da Barra/RJ a Quissamã/RJ
- tempo: 11h15 de viagem, sendo 7h20 de pedal
- distância percorrida: 122 km
- velocidade média: 16,6 km/h
- distância acumulada: 326km
Esta etapa mostrou quanto uma cicloviagem não perdoa  deslizes, falta de planejamento e de execução.
Na noite anterior, combinamos o café da manhã mais tarde, às 7h, pois o trajeto "seria mais curto" ("60 e poucos km")... Esse foi o primeiro erro. Na noite anterior, olhei desatento para o cronograma e confundi o trajeto com o de outro dia. Segundo erro: o despertador não tocou. Havia programado, mas apenas para o dia anterior. Acordei com uma hora de atraso. Último erro: o percurso tinha muitas encruzilhadas e diferentes vias. Erramos uma delas e aumentamos a viagem em uns 10km. O trecho foi de 125km. O mais difícil até aqui e, provavelmente, nenhum outro será tão difícil. Além de tudo, muito calor, muitas paradas para hidratação, sol queimando a pele... Mas o pior inimigo estava por vir: os últimos 60km, metade do trecho, pelo litoral, foi contra um vento sul forte sem trégua. A cada 5 a 8 km uma parada para água e alongamento. Chegamos na pousada em Quissamã no início da noite com os músculos fadigados,  beirando as cãibras. Mas tudo isso é rapidamente esquecido quando cumprimos a etapa. E durante o percurso, algumas paisagens nos fazem esquecer cansaço, dores, fome ou sede. Muitos trechos inóspitos, desérticos... sensacional a Barra do Furado, um região de lagamar que tivemos de contornar, no total de 12km, por não existir uma ponte na orla que encurtaria essa distância.


4° dia, 07/12, 4a. feira: Quissamã/RJ a Rio das Ostras/RJ
- tempo: 6h30 de viagem, sendo 4h53 de pedal
- distância percorrida: 85 km
- velocidade média: 17,2 km/h
- distância acumulada: 411km
Depois de um trecho difícil, a missão do dia se apresentava como um "refresco". Distância menor, trecho plano, sem vento contra. O adjetivo só não foi perfeito devido ao sol forte e céu azul que  enfrentamos. Sem problemas... muito protetor solar, paradas frequentes para água de côco, gatorade (devemos pedir um patrocínio na próxima viagem rs) e até açaí com guaraná. Passamos por um bom trecho em estrada de terra, cortando propriedades rurais.
A partir de Macaé os trechos mais inóspitos começaram a rarear. Na chegada à cidade o trânsito ficou mais intenso, com volume maior de caminhões. Menos mal que o acostamento era bem transitável. Fizemos uma parada mais longa próximo ao meio-dia e aproveitamos a "folga" no trânsito no horário de almoço para cruzarmos o centro da cidade, dividindo espaço com o trânsito urbano... mancada, pois soubemos mais tarde que havia um contorno da cidade que nos tiraria desse tráfego. Tudo bem... passamos pela "muvuca" da cidade. A partir dali seria mais tranquilo, restariam apenas 18km até Rio das Ostras. Lei de Murphy em ação... a rodovia Amaral Peixoto tem um acostamento intransitável, destruído e com muitos buracos. Dividir a pista? Nem pensar... tráfego pesado! Exercício de paciência mais uma vez... encarar essa "trilha" pelo acostamento e lamentar a falta de uma suspensão traseira ou de molas no selim...
Missão cumprida... valeu a pena! Chegamos mais cedo, deu tempo para um mergulho na praia de Costa Azul... e à noite, um rodízio espetacular 😋 de comida japonesa. Nota 10! Pensam que é só perrengue?



Alguns videos

Uma cavalgada no caminho





Travessia do Rio  Paraíba do sul 




O inicio do pedal 
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5° dia, 08/12, 5a. feira: Rio das Ostras - Búzios - Cabo Frio/RJ
- tempo: 8h de viagem, sendo 4h45 de pedal
- distância percorrida: 69 km
- velocidade média: 14,5 km/h
- distância acumulada: 480km
Saímos de Rio as Ostras às 9h10 sem uma definição do roteiro e do destino do dia. O plano inicial era Arraial do Cabo, cerca de 60km, sempre pela rodovia Amaral Peixoto, que não se mostrou muito "amigável" no dia anterior. Seria um trecho curto. Como o Arno não conhecia Búzios, resolvemos seguir para lá, saindo antes da Amaral Peixoto. De Búzios em diante poderíamos evitá-la por um longo trecho.
Dia de calor e, como sempre, de muitas paradas para hidratação. O que não esperávamos era o movimento na estrada em direção à Búzios, em pista simples e sem acostamento... cuidado redobrado ao compartilhar a via com os demais veículos. Stress maior foi na chegada ao centro da cidade... trânsito lento, congestionamento típico de alta temporada. Distoou da viagem até aqui... não era o que esperávamos. Almoçamos em frente à praia de Armação na turística Orla Bardot. Cidade cheia. O Arno se deu por satisfeito e, após o almoço, só queria partir e deixar para trás aquela "muvuca". Concordei, afinal quem pedala quer fugir de trânsito,  stress, etc.
De Búzios a Cabo Frio pegamos estrada vazia, bem conservada e com ótimo acostamento... perfeito!
Chegada tranquila no final da tarde com direito a um chopp em frente ao canal de Cabo Frio.



6° dia, 09/12, 6a. feira: Cabo Frio/RJ a Ponta Negra - Maricá/RJ
- tempo: 10h30 de viagem, sendo 5h50 de pedal
- distância percorrida: 91 km
- velocidade média: 15,6 km/h
- distância acumulada: 571km
Saímos de Cabo Frio às 8h30 com destino a Saquarema (62 km). Caminho por estradas bem vazias, apesar de mal conservadas em alguns trechos. Grande parte do trecho passa entre o mar, à esquerda, e os lagos, à direita, que dão nome à região. Lagoas de Araruama, Saquarema, Jaconé, Maricá. Na saída de Cabo Frio passamos pelas salinas exploradas pelo sal Cisne.
Dia quente, mas ligeiramente nublado, amenizando o calor. Apesar das  condições favoráveis, comecei o dia sentindo bastante o cansaço acumulado do pedal. Pela primeira vez recorri ao hidroeletrolítico que comprei em Vitória. Não me pergunte  o que é exatamente... só sei dizer que é um sachê com uma "pasta" de sabor horroroso, mas que fornece uma energia... Quase te dá asas!
Chegamos cedo em Saquarema, a tempo de almoçarmos em um self service. Então, decidimos seguir adiante, pensando em reduzir o trecho do último dia.
Olhamos o mapa e decidimos parar em Ponta Negra, primeira praia já na cidade de Maricá. Seguimos acompanhando o mar em um trecho de 25 km, metade em asfalto, metade em estrada de terra, que mina nossa resistência. O esforço final foi o de subir o morro - bem íngreme - para a pousada onde nos hospedamos. Valeu muito a pena!
Uma viagem de bike oferece paisagens que nunca veria de outra forma, pessoas que jamais conheceria se assim não fosse, lugares que dificilmente conheceria pelos meios convencionais...



7° e último dia, 10/12, sáb.: Ponta Negra - Maricá/RJ a Niterói/RJ
- tempo: 7h20 de viagem, sendo 4h14 de pedal
- distância percorrida: 61 km
- velocidade média: 14,4 km/h
- distância acumulada: 632km
Saímos de Ponta Negra, Maricá, às 9h25, com destino a Niterói. Decidimos dormir lá e fazer a travessia para o Rio de Janeiro na manhã de domingo com menos trânsito e stress.
Último dia, distância mais curta e a ansiedade por terminar a viagem poderiam pressupor que o trecho seria rápido, que chegaríamos cedo. Grande engano! Para variar, muito calor, várias  paradas... longas paradas.
Seguimos a RJ102, sempre beirando o mar. Ao acabar o asfalto da RJ102, viramos à direita, seguindo o fluxo de veículos, pedalamos alguns km ao lado da lagoa de Maricá e subimos, subimos, subimos uma ladeira muito, muito íngreme... Vi uma placa indicando "Barra da Lagoa" e me soou estranho. Parei e chequei o GPS: caminho errado. Parecia faltar oxigenação para um raciocínio básico. Confesso que essa não foi a única vez na viagem que me senti assim. Partimos para o método arcaico de geolocalização: perguntar! Também não foi a única vez... conclusão: o caminho certo era voltar e prosseguir pela RJ102, fora do asfalto. Pedalamos por vários km em estrada de terra sem ver uma alma viva... sinais de "civilização" apenas nos "despachos" nas diversas encruzilhadas pelas quais passamos. A dúvida se estávamos no caminho certo era companhia constante... mas o GPS indicava que sim. Enfim, avistamos pessoas acampando junto à lagoa e logo chegamos ao asfalto. Não demorou e encontramos novamente a rodovia Amaral Peixoto e um posto com uma boa parada. Tempo para reabastecer: pastel, caldo de cana, gatorade, água... Prosseguimos por mais alguns km, várias subidas, tráfego pesado e intenso. Não demorou e paramos novamente... mais água e gatorade. Mais uns 40 minutos de parada. O tempo parado quase igualando o tempo de pedal... reflexo do calor, cansaço acumulado e, provavelmente, ansiedade - ou angústia - por terminar a viagem. Mais uma vez, a paciência era necessária. Revimos a rota no GPS e percebemos que estávamos próximos a uma saída alternativa que nos permitiria escapar do tráfego  da Amaral Peixoto. Pegamos esta saída... ótima escolha. Rodovia secundária, em direção às praias oceânicas de Niterói, bem menos transitada. Menos de 20 km para chegarmos. Umas boas descidas para descansar... mas, na estrada, regra geral, após uma descida sempre tem uma subida... e que subida. Pela segunda vez na viagem, descemos das bikes e subimos empurrando-as... Até acredito que nosso estado físico suportasse, mas o psicológico não permitiu. Tudo bem... mais duas longas paradas nesse trecho, não demorou e, do alto de um morro, avistamos a praia de Icaraí, nosso destino. Então, bastou colocar em "ponto morto", segurar nos freios e deslizar até a praia... missão cumprida!! Que ótima sensação... de superar desafios, inseguranças, receios... de realizar, para muitos, uma loucura... de reconhecer nossas capacidades... enfim, muita satisfação!
Passada essa experiência fantástica, a pergunta que me vem com frequência é: qual será a próxima viagem?

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